sexta-feira, 10 de maio de 2013

Estudante com deficiência visual ganha destaque em concurso de redação




Gabriela Vieira da Silva estuda no Colégio Claretiano Coração de Maria, em Goiânia

Estudante do Colégio Claretiano Coração de Maria, na Capital, Gabriela Vieira da Silva, 13 anos, foi homenageada pela Lions Internacional por conta da participação no concurso de redação promovido por esta organização voltada para serviços humanitários. O tema do concurso era “Imagine a paz”, e a redação de Gabriela, que é cega, recebeu menção honrosa por parte dos organizadores durante solenidade realizada no final de abril, em Caldas Novas.

Conforme o material divulgado pelos responsáveis, este concurso de redação foi criado para oferecer oportunidades aos estudantes com algum tipo de deficiência visual de expressarem sua opinião sobre a paz e que tinham entre 11 e 13 anos. Os textos produzidos pelos participantes poderiam ter, no máximo, 500 palavras redigidas em inglês. 

Gabriela Vieira, que é acompanhada por profissionais do Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual – vinculado à Gerência de Ensino Especial da Secretaria de Estado da Educação - e do Centro Brasileiro de Reabilitação e Apoio ao Deficiente Visual, escreveu sua redação pelo sistema Braille. Confira abaixo o texto de Gabriela, na íntegra: 


Imagine a paz

Paz é para toda a vida. Quando aparece, é percebida e entendida pelos outros; deve durar muito tempo; senão a vida toda, pois com certeza, ninguém jamais experimentou coisa melhor e mais agradável. 

Quando estamos em paz, estamos de bem com a vida. Tudo fica mais colorido, mais alegre, mais natural. Mas para chegar ao topo da montanha, que a meu ver é a paz consigo mesmo, é preciso colocar a base primeiramente, pois como em toda “obra”, construir não é fácil. Sua imaginação pode viajar imaginando o que seria essa base, mas, para mim, o começo de tudo são as palavras mágicas (por favor, muito obrigado (a), com licença e desculpe-me), porque são elas que abrem a maioria das portas para muitos caminhos e nos proporcionam a oportunidade de seguir em frente. 

Respirar fundo diante dos problemas e buscar a solução ao nosso redor ou lá no fundinho da memória também ajuda. Precisamos nos lembrar de que somos apenas seres humanos e não super-heróis, que temos uma vida inteira pela frente para aprender, e nos dar mais uma chance se fracassar ao tentar fazer alguma coisa, pois como já ficou claro, não somos perfeitos, mas podemos melhorar a cada dia... 

Já pensou se a paciência e a educação reinassem em todos os lugares: no ônibus, em casa, na escola, no trânsito, no trabalho, etc.? Não seria ótimo? 

A educação de que falo, não é a de saber ler e escrever, porque isto todo mundo é capaz de aprender. Eu falo da educação ligada ao respeito e a honestidade, ao bom caráter, que muitos ainda não a tem como hábito ou a acha careta. 

Se houver um aluno, por exemplo, que respeita o professor, os colegas e funcionários, já começam a dizer que ele é o “nerd” da turma, o mais inteligente, e que a professora puxa saco dele. Mas não é nada disso. 

O problema mesmo é que todo mundo já está tão acostumado com a violência, com a ignorância, pois elas já fazem parte da rotina e são mais fáceis de aceitar. O respeito ao próximo foi tão banalizado que, se alguém foge à regra, acham que essa pessoa (tida como mais educada) se acha melhor que as outras, e muitas até tratam-no com certa hostilidade. 

Tal ideia, todavia, não é verdade, pois as pessoas educadas não são melhores, nem se sentem assim. Elas têm mais chances, porque sabem esperar a sua vez. 

Pra mim é isto: a paz só se consegue com educação, respeito e, principalmente, honestidade. 

A paz não é prisão do “bom moço”, mas sim, as portas para uma vida melhor.

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